sábado, 13 de dezembro de 2008

O Passar da Hora

A hora, agora, porque a quero, arrasta
Passa devagar que se não vejo, para.
E tão sacana e faceira, passa esta hora
Que me espera a distração, e escondida, volta

A hora demora sem piedade alguma
Esnoba os amantes que aguardam pra se ver
Dedica-se, especialmente, as moças, uma a uma
Dos Jovens casais que ainda vão se conhecer

Mas chega, e quando chega, apesar de sua demora
Pros jovens, pros casais e quem mais por ela espera
Aperta os corações, pois rápido vai embora
Já que o tempo de demora ela mesma que pondera


Leonardo Guimarães

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Coisa da vida

Êita vida besta, meu Deus
Que não sossega o coração amado.

Êita Homem besta, sou eu
Que vê quem ama, fica atordoado

Se me briga, esnoba-me
Fico triste que... nem sei
Mas se tu vens melosa, com teu charme
Com esse ar de amor pra dar,
Já esqueci de tudo...

Ah amor, sou teu e, o que é pior: Tu sabes!

Agora veja... Quem diria, eu
Fui me apaixonar por ti, menina
Do mundo passei a ser seu
Num gesto de olhar de esquina...


Leonardo Guimarães

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pra Liz


Eis que surge lá no céu
Em luzes fortes a brilhar
Um disco belo em tom pastel
Nervoso de tanto girar
E a moça em estado paralisado
Olha e vê o não habitual
Disco voador tão almejado
Pousando ali no seu quintal

domingo, 14 de setembro de 2008

Meu Funeral




Quando eu morrer
Quero algo solene...

Traje a passeio, para formalizar
Óculos escuros, somente por estética
Nada de velas, de faixas, de ditos...
Mas das flores não abro mão.

A música tem que ser triste,
Em tom de adeus.
Violão dedilhando e metais soprando.
Tudo muito suave...

Peço que deixem
Que todos cheguem a mim
Que me peguem, me beijem, me abracem
E que chorem em mim,
Se lágrimas houver...

Quero, por último
Que me cubram e enterrem
Quando o último, seja quem for
Retirar-se de meu lado
Por vontade própria.


Leonardo Guimarães

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Pode mesmo ser

Pode ser que o tempo passe
E que todos fiquemos para trás
Que acabe o momento, que apague a chama
E que o vento leve o que restou de nós

Pode ser, talvez, que tudo acabe
E acabe assim, derrepente, num instante

Que a dor corrompa a felicidade
E eu esqueça como é amar
Desastre na vida, pior não há...

Quero amar, voltar a sorrir, voltar a viver
Quero chorar, ter quem abraçar, ser livre, voar
Chegar derrepente e presentear ao aparecer
Aquela que amo, por quem sofro e quero viver

Oh vida, devolva, não seja cruel
Assim tu me amargas, me tira o razão
Dilacera meu peito, quebra o anel
Que existe entre ela,
Que passa por mim,
E encontra o céu...


Leonardo Guimarães

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Soneto da Casa no Campo

Quando penso em ti, oh casinha no campo
Consigo sentir e assim me consumo
O cheiro de tua grama, da madeira do banco
Do orvalho da noite, da fumaça do fumo...

Só me falta teu corpo, tua voz, tua alma
E que venha contigo, o meu doce refúgio
Doce ser que embrutece, depois vem e acalma
Como o mais belo som do mais belo prelúdio

Perderíamos as horas com palavras ao vento
Que voam como pólen e ao longe fecundam
Inaudíveis aos ouvidos mais sensíveis

Mas ainda assim eu estaria atento
Para tuas enchentes de amor, que inundam
Meus desejos e meus beijos – Irreversíveis...

Leonardo Guimarães

domingo, 27 de abril de 2008

Sorriso de criança

Não há nada mais belo
Que um sorriso de criança.
A falta de dentes
Gengiva a mostra
Brilho nos olhos...
É tão puro, belo, sincero
E nasce do fundo da alegria
Que por vezes a me sentar, espero
Este luar, ou sol, de novo dia
Sorria, criança, sorria
Que a vida boa é esta agora
Com teu riso vem e irradia
O que se faz belo com ajuda da aurora...

Leonardo Guimarães

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Ser Poeta

O Poeta é um ser estranho, se é
Na maioria, e quase sempre, vive triste
Porém, Poeta alegre, um ser de fé
É algo belo, inefável e existe...

Sabe sorrir, sabe cantar e até sofrer
E a vida vai com rumo, destrilhada
Sabe muito, sabe nada , sabe viver
E perde os olhos no andar de sua amada

E há quem diga que loucura ser poeta
E há quem diga poeta eu queria ser
Esse ser que não se ama, se afeta
Ah! Poeta eu quero ser até morrer...

Leonardo Guimarães

sábado, 22 de março de 2008

Quem sou



Dos heróis, sou Dom Quixote
Luto em nome do amor
Dos bandidos, sou Pixote
Tiraram-me meu valor
Em sentimentos, sou tolice
E não sei pra onde vou
Na pureza, sou Alice
E de certo não sei quem sou...
Da droga, sou o vício
E dos animais, sou a fera
Dos amantes, sou Vinícius
Vinícius? Ai quem me dera...


Leonardo Guimarães

sexta-feira, 21 de março de 2008

A ararinha e a gaita

Oh ararinha bonitinha, diz você
Onde foi que escondestes minha gaitinha
Sem ela sou fraquinho, fraquinho... Não vê?
Diz-me logo onde pôs, minha ararinha

Dá-me e toco aquela música que gostas
Aquela mesmo em que levantas a patinha
Sacodes o bico e treme as penas com as notas
E depois pula, pula alto, ararinha...

Que arara mais marota e brincalhona
Dentre todas, é esta, arara minha
Pega a gaita, toda noite, na poltrona
E esconde bem debaixo da asinha!

Leonardo Guimarães

Soneto de amar

Do amor que em mim havia
Somente a solidão restou
Não conheço-te mais, todavia
Fostes tu que em meu peito celebrou

Surgiu, floresceu e morreu
Como tudo nessa vida de matar
Era flor desabrochada esse amor teu
Era estrela, viva em noite de luar

Mas passa, sempre passa – e passou!
E essa dor que talvez fique, e sempre fica
É inefável dor de amor – de quem amou

Lembrar-te é ver-te como espinho que me fura
É sentir-te como luz que se apaga
É viver-te, degustar-te em amargura...


Leonardo Guimarães

O querer

Não devo!
Quero? Não sei...
Quero a Paz, quero o Sossêgo
Da dor, um pouco...
Não muito!

É preciso que seja a medida ideal
Que venha inesperadamente
Como a chuva de verão
E que seja branda.
Felicidade é bom, mas demais, enjoa.
Quero também, se possível, um quintal
Não grande! Que dê pra andar lentamente
Pisar as folhas secas no chão
E que sempre pareça tocar uma cantiga
Talvez de ciranda... Uma cantiga atôa.
Quero uma cabana perto do rio
Onde eu fuja e tente me achar
Ou que me perca, me perca por lá
E ninguém nunca mais encontrar...

E que bom seria um amor...
Para comigo estar,
Para comigo andar,
Para comigo amar...


Leonardo Guimarães

sábado, 15 de março de 2008

Se tu entrasses por esta janela agora...



Se tu entrasses por esta janela agora
De certo, não me veria
Veria muito, e não veria a mim.

Veria minha dor, balançando-se na cadeira
E a pouca felicidade, já em cinzas, na lareira...
Respiraria meu ar cansado, e veria ao chão
Dilacerado, meu verbo inconsútil.
Ainda estariam, como fumaça, os amores deixados
Os amores deixados, os amores roubados...
Veria minhas crenças sobre a cabeceira
Veria meu erros, que tanto escondi
Tocaria minha pureza de mulher-freira
E choraria ao ver ali, onde vivi
Meu corpo manso, alheio a tudo
Meu corpo calmo, ainda desnudo
Minha vida breve, breve de tudo...

Mas de certo, ali, eu não estaria.

Tu andarias e viria me afagar
Espantado, pararia e escutaria
O barulho de taco velho a estalar
Olharia, olharia e não veria...

Olharia, olharia e não veria
Pois de certo, ali, eu não estaria...


Leonardo Guimarães

sábado, 8 de março de 2008

Viagem


Leonardo Guimarães

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O Domingo


O Domingo chega bonito, mas triste.
Não há quem diga que o domingo é um bom dia
Para um piquenique na praça,
Para o passeio do campo,
Para o torneio da taça,
Para o beijo do banco.

O Domingo é maroto e assim permanece.
Sonso, definhante, estático.
A missa é o refugio mais doce
Pois o Domingo é bom para a prece.
Oh Deus o que é o Domingo?
O dia é claro, a tarde é calma e a noite enlouquece.
Mas o que seria do poeta
Se o Domingo aqui não estivesse?

Leonardo Guimarães

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A Margarida



Certa vez em um dia triste
De tarde um tanto nublada
A Borboleta tenta e persiste
Pousar na Rosa ensimesmada

A Margarida de longe observa
E aprecia sem dizer nada
E quieta, ali, se preserva
Guardando-se enciumada

Mal sabe a Borboleta linda
Que a Margarida a espera chorosa
Enquanto o Cravo prepara a vinda
Para o encontro da bela Rosa


Leonardo Guimarães

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O Amor chegou

Então foi assim, já o tinha....
Olhou pros lados sem saber de onde vinha
E conformou-se
Fazer o que se o já o tinha...
De seca já estava a boca
O amor lhe batia acelerado
Consciência, da que havia, era pouca
Mas de sonhos, aí sim, restava um bocado...
Não tinha hora, não tinha lugar
Não tinha ninguém.
E mesmo assim, insistia
Como convém...
Sabia das dores que o amor traz
Mas gostou da hora, em que triste, se fez
Mesmo assim roncava no peito e se julgava capaz
De sofrer... De sofrer e de tudo agüentar outra vez...
E vivia a amar, e vivia a sofrer
E chorava aos cantos, mas ainda, enamorado
Mas assim preferia, ter da dor, e viver
Que de todos os dias da vida, nunca ter amado...

Leonardo Guimarães

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O casal que passa.

O casal que passa é belo
Depois dos portões nada é meu
Nem o casal singelo
O casal que passa é belo
Ah meu Deus
Como é belo
O casal que passa...
O casal que passa é junto
É claro, é suave
Deixa rastro de cheiro doce
E passa sem dizer nada
Ingênuo ele, que a acha divina
Menino do casal que passa
Que na verdade a doce menina
Não passa da louca devassa
Mas não importa, o casal, Deus meu
Mesmo belo e completo em graça
Pois tu sabe que é desejo meu
Ser eu o casal que passa...


Leonardo Guimarães

Minha vida sem mim.

Minha vida sem mim seria mais alegre
Mais musical, colorida, bonita...
Seria menos melancólica, menos nostálgica
Seria poesia...

Seria mar em calmaria
Desabrochar de uma flor
Seria tarde, noite e dia
Talvez ódio, talvez dor

Minha vida sem mim seria vida
E não o que vivo, e assim insisto
Teria começo, meio e fim – talvez feliz
Seria canção...

Canção em harpas, violinos, clarinetes...
Das vozes, as mais belas: Tenores e sopranos
Macias, todas elas, afinadas, sem falsetes
Dos poemas os mais belos: dos românticos aos parnasianos

Minha vida sem mim seria o fogo que molda
Forma o que toca, fere a quem encosta...
Neblina e nevoeiro,
Seria solidão...

Porém não teria sabor
Oh Deus minha vida sem mim...
Não teria meu sincero amor,
Minha vida não seria assim...
Leonardo Guimarães

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os três de mim.


Acontece que existem três de mim:
O que vive no passado, o que vive no presente e o que vive no futuro.
Sobre o do passado, eu já sei tudo: Seus erros, suas vitórias, seus defeitos e qualidades, suas desilusões, suas paixões – as quais sempre insiste em relembrar...
Sobre o do futuro, pouco sei. É incerto e instável. Pode ser que venha logo, ou que demore, que nunca chegue...
Mas o que mais me perturba é o do presente. É realmente difícil conviver com as lembranças do passado e os devaneios incertos do futuro.
Uma parte dele é feliz, mas a outra é triste. Uma parte é sonho e a outra esquecimento. Ele é quase tranqüilo, quando não é quase agitado, e também é doce e terno, naqueles momentos, quando não está enfurecido. Sente-se livre sozinho, mas precisa de alguém para controlar seus vôos e fazer com que volte... Ora, como pode ser alguém tão dividido que seja quase forte, quase fraco, que quase viva, nas horas que quase não morre? É quase entendido quando não é quase confuso. Então descobriu que a culpa não era dele, nem delas... o problema foi que ele quase amou...

Leonardo Guimarães

Coisas a se dizer

Eu pensei no que dizer:
Pensei em algo poético, suave, terno
Mas achei que poderia dar ar apaziguador
Pensei em coisas calmas, das que se dizem no inverno
Mas não achei conveniente: Estávamos no verão
Então pensei em algo triste, nostálgico, depressivo...
Ora... Isso não é preciso
Os pássaros, com seu piar
Sugeriram algo alegre, paralisante
Algo empolgante, incoercível...
Mas eu sou medo, sou angústia, sou receio
Sou desconexo, bipolar... Devaneio
Sou triste ao me rir
E fico feliz chorando
Digo calado o que não sei sentir
E nada digo ao me botar gritando
Então pensei no que dizer
E antes que a paixão amiúde me invada
Achei o melhor a se fazer
De todas as minhas fraquezas, escolhi a prudência – Não disse nada



Leonardo Guimarães

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Não estou inspirado mas estou feliz.

O primeiro minuto do ano veio com uma estranha euforia, causada por não sei o que, mas que também não durou muito. Talvez tenha sido somente a euforia normal de início de ano, mas não quero acreditar nisso para não desmerecê-la... Feliz ano novo! Feliz ano novo... Aquela velha história... Porém, contrariando todas as leis de meus sistemas nervoso e emocional, encerro o começo de ano feliz. Talvez pela presença dos amigos, ou então pela comida saborosa, ou pela ligação, que é o mais provável... Nem é preciso dizer o que eu mais gostaria: Beijos, abraços, votos felizes! Ora... Deus não dá mesmo asas à cobra...