terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O casal que passa.

O casal que passa é belo
Depois dos portões nada é meu
Nem o casal singelo
O casal que passa é belo
Ah meu Deus
Como é belo
O casal que passa...
O casal que passa é junto
É claro, é suave
Deixa rastro de cheiro doce
E passa sem dizer nada
Ingênuo ele, que a acha divina
Menino do casal que passa
Que na verdade a doce menina
Não passa da louca devassa
Mas não importa, o casal, Deus meu
Mesmo belo e completo em graça
Pois tu sabe que é desejo meu
Ser eu o casal que passa...


Leonardo Guimarães

Minha vida sem mim.

Minha vida sem mim seria mais alegre
Mais musical, colorida, bonita...
Seria menos melancólica, menos nostálgica
Seria poesia...

Seria mar em calmaria
Desabrochar de uma flor
Seria tarde, noite e dia
Talvez ódio, talvez dor

Minha vida sem mim seria vida
E não o que vivo, e assim insisto
Teria começo, meio e fim – talvez feliz
Seria canção...

Canção em harpas, violinos, clarinetes...
Das vozes, as mais belas: Tenores e sopranos
Macias, todas elas, afinadas, sem falsetes
Dos poemas os mais belos: dos românticos aos parnasianos

Minha vida sem mim seria o fogo que molda
Forma o que toca, fere a quem encosta...
Neblina e nevoeiro,
Seria solidão...

Porém não teria sabor
Oh Deus minha vida sem mim...
Não teria meu sincero amor,
Minha vida não seria assim...
Leonardo Guimarães

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os três de mim.


Acontece que existem três de mim:
O que vive no passado, o que vive no presente e o que vive no futuro.
Sobre o do passado, eu já sei tudo: Seus erros, suas vitórias, seus defeitos e qualidades, suas desilusões, suas paixões – as quais sempre insiste em relembrar...
Sobre o do futuro, pouco sei. É incerto e instável. Pode ser que venha logo, ou que demore, que nunca chegue...
Mas o que mais me perturba é o do presente. É realmente difícil conviver com as lembranças do passado e os devaneios incertos do futuro.
Uma parte dele é feliz, mas a outra é triste. Uma parte é sonho e a outra esquecimento. Ele é quase tranqüilo, quando não é quase agitado, e também é doce e terno, naqueles momentos, quando não está enfurecido. Sente-se livre sozinho, mas precisa de alguém para controlar seus vôos e fazer com que volte... Ora, como pode ser alguém tão dividido que seja quase forte, quase fraco, que quase viva, nas horas que quase não morre? É quase entendido quando não é quase confuso. Então descobriu que a culpa não era dele, nem delas... o problema foi que ele quase amou...

Leonardo Guimarães

Coisas a se dizer

Eu pensei no que dizer:
Pensei em algo poético, suave, terno
Mas achei que poderia dar ar apaziguador
Pensei em coisas calmas, das que se dizem no inverno
Mas não achei conveniente: Estávamos no verão
Então pensei em algo triste, nostálgico, depressivo...
Ora... Isso não é preciso
Os pássaros, com seu piar
Sugeriram algo alegre, paralisante
Algo empolgante, incoercível...
Mas eu sou medo, sou angústia, sou receio
Sou desconexo, bipolar... Devaneio
Sou triste ao me rir
E fico feliz chorando
Digo calado o que não sei sentir
E nada digo ao me botar gritando
Então pensei no que dizer
E antes que a paixão amiúde me invada
Achei o melhor a se fazer
De todas as minhas fraquezas, escolhi a prudência – Não disse nada



Leonardo Guimarães

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Não estou inspirado mas estou feliz.

O primeiro minuto do ano veio com uma estranha euforia, causada por não sei o que, mas que também não durou muito. Talvez tenha sido somente a euforia normal de início de ano, mas não quero acreditar nisso para não desmerecê-la... Feliz ano novo! Feliz ano novo... Aquela velha história... Porém, contrariando todas as leis de meus sistemas nervoso e emocional, encerro o começo de ano feliz. Talvez pela presença dos amigos, ou então pela comida saborosa, ou pela ligação, que é o mais provável... Nem é preciso dizer o que eu mais gostaria: Beijos, abraços, votos felizes! Ora... Deus não dá mesmo asas à cobra...