sábado, 15 de março de 2008

Se tu entrasses por esta janela agora...



Se tu entrasses por esta janela agora
De certo, não me veria
Veria muito, e não veria a mim.

Veria minha dor, balançando-se na cadeira
E a pouca felicidade, já em cinzas, na lareira...
Respiraria meu ar cansado, e veria ao chão
Dilacerado, meu verbo inconsútil.
Ainda estariam, como fumaça, os amores deixados
Os amores deixados, os amores roubados...
Veria minhas crenças sobre a cabeceira
Veria meu erros, que tanto escondi
Tocaria minha pureza de mulher-freira
E choraria ao ver ali, onde vivi
Meu corpo manso, alheio a tudo
Meu corpo calmo, ainda desnudo
Minha vida breve, breve de tudo...

Mas de certo, ali, eu não estaria.

Tu andarias e viria me afagar
Espantado, pararia e escutaria
O barulho de taco velho a estalar
Olharia, olharia e não veria...

Olharia, olharia e não veria
Pois de certo, ali, eu não estaria...


Leonardo Guimarães

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
blog da mãe Joana disse...

posso entrar pela janela? =D

Wendy.

Unknown disse...

Aii que triste!
Dói o coração só de ler!
Com a janela fechada ninguém entra ou sai, nem a luz do dia nem a sombra da noite...
Infeliz
=/

Táti Aguiar disse...

Vc sabe que é o meu poema preferido né? Passei a madrugada lendo vc. Sorriso no coração.

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