quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tudo pela metade

É CLARO QUE FOI TUDO PELA METADE,
eu fui meio forte, fui quase covarde,
daquela vez em que quase fugi.
Por outro lado, também por ali
vi parte de um vulto, foi pela metade,
uma sombra, um fantasma, que eu juro que vi,
Mas, pensando bem, acho que essa saudade
me faz ver um passado que não sei se vivi.
E, falando em saudade, não sei se a cidade,
no meio do dia, em meio aos civis,
que andam soldados aos bancos, nas grades,
alheios às praças, tão presos em si;
como eles, não vejo, de minha sombra, a metade,
nem a parte que chora, nem a parte que ri.
Foi tudo, eu sei, quase pela metade,
aquele amor verdadeiro... que eu quase morri...
o amor derradeiro... acabou, já era tarde,
e, vejam, no fim, sei que quase sofri.
Enfim veio a canção, uma saudade,
Uma inspiração ou talvez piedade
pela indecisão — pelo que deixei de sentir.
Por uma vida de graça,
que, pelo preço da praça,
por metade...
...eu vendi

Érico Braga Barbosa Lima
[ver mais em "Estilhaçoes de Babel" Editora Antigo Leblon, 2006.]

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