terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ah quem me dera ver-te...

Bom seria sentar-me naquele banquinho sabe... Aquele mesmo... De cimento, naquela praça bucólica, ouvir o cantar dos passarinhos, o barulho do vento por entre as folhas das árvores, mini-redemoinhos no chão e pensar... Pensar no que me tornei. Quantas juras troquei sem necessidade alguma, e quais delas foram verdadeiras!? Quem souber que me diga porque eu não me lembro. Quantas noites, quantos dias... Perdidos em pensamentos sentimentais infundáveis e inexoráveis! Ah! Se esse mundo fosse meu... Ah se fosse só meu! Quanta coisa! Quanta coisa eu não diria as flores... Quanta coisa eu não diria... Quantas vezes eu viveria amores? Quantas vezes eu nada viveria... Quem de terras tão distantes viria importunar-me a ponto de eu me apaixonar? Quem do meu mais intrínseco e inconsciente pensamento não viria para me deixar tão triste de forma que eu não mais quisesse pensá-la?
Quem para me decepcionar tão bruscamente para que eu sofra!? Quantas músicas seriam tocadas, dedilhadas e cantadas para me emocionar, ainda que gelado, morto ou acordado, posto. Ah se o mundo fosse meu... Eu teria de ser arrancado de meu trono de poeta, dilacerado por tudo sofrido, envergonhado por tudo vivido. Eu teria de ser arrancado...
Quantos olhares de criança eu haveria de perder enquanto ocupava minha vista com teus lábios sedutores, desejando teu corpo, como um prisioneiro que deseja tatear a liberdade, melhor comparação não há! Quantos “paracatizuns” eu perderia ao ouvir teu falar manso e sedutor... Por quantas coisas me tornaria responsável, ao cativar, sempre com minha imutável e inexplicável mania de ser simpático a todos, de amar a todos – que ódio.
Por fim, no fim o que me restaria, como agora, seria a eterna vontade de viver em um mundo novo e um “ah quem me dera que esse mundo fosse meu...!” Um “ah quem me dera...”.
Leonardo Guimarães

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